2 anos de 15M

Em maio desse ano, o movimento 15M completa dois anos desde que alguns jovens ocuparam a Plaza del Sol em Madri com a promessa de que só sairiam dali quando fossem ouvidos. Nesse aniversário, como também aconteceu no ano anterior, manifestações aconteceram em toda a Espanha . Destaco três interessantes aqui, na tentativa de entender um pouco o que aconteceu (e segue em processo) :

Documental 15M: “Excelente. Revulsivo. Importante”

O madrilenho Stéphane Grueso reuniu horas de material colaborativo (ele mesmo só gravou as entrevistas) e montou um documentário com a sua visão do movimento, já que estava entre os que primeiro tomaram a praça. Uma das questões que o filme levanta foi o papel omisso da grande imprensa no início da Acampada. Primeiro porque, diz um jornalista entrevistado no filme, a imprensa não estava entendendo nada aquilo. Não conseguiam encaixar aquela movida em nenhum padrão classificatório, principalmente porque o 15M não estava associado a partidos, sindicatos, associações. Era algo espontâneo e popular, auto-entitulado Democracia Real Ya. Mesmo com um número de acampados e uma estrutura consideráveis,  as capas dos principais jornais ignoraram a Plaza del Sol. Inclusive, a primeira capa foi publicada fora da Espanha, no Washington Post.

Lembro que em Barcelona rolou algo parecido, o assunto só ganhou peso de fato no dia 27 de maio quando, sob o pretexto de “liberar a Plaça Catalunya para limpeza”, a polícia arrancou todo mundo de lá em uma madrugada. Foi um episódio extremamente truculento e televisionadíssmo, durante horas ininterruptas desde os helicópteros das emissoras. A resposta, mais agressiva ainda. No fim do dia, o movimento havia convocado uma grande concentração, que subiria as Ramblas e entraria e retomaria a Plaça. Foi uma das cenas mais emocionantes que vi, ali na entrada daquela praça. Todo mundo que tinha uma causa estava ali, médicos, professores, a plataforma contra a hipoteca, os yayoflautas (vovozinhos manifestantes), os demitidos da Telefonica, muita gente.

Além de discutir a simbologia de uma tomada de praça, o documentário também mostra mais ou menos como funcionava a estrutura da Acampada, desde a cozinha até a comunicação, e enumera alguns legados do movimento, como a dación en pago. Enfim, uma obra bem pessoal, que ilustra o que foi aquilo aos olhos de alguém que estava dentro.

Manual da desobediência civil

Na mesma época, Enric Durán, o robin hood catalão, lançou um esmiuçado guia de desobediência civil. Rapidamente: ele emprestou meio milhão de euros de diversas instituições financeiras europeias. uma parte do $ foi distribuído para movimentos sociais e a outra foi utilizada para 200 mil exemplares do CRISI, um fanzine em que alega que não devolverá o dinheiro e os motivos. Vale dar uma olhada.

En crisis

E por fim, a série “En crisis“, do fotógrafo Olmo Calvo, que retrata ângulos gerais do que está sendo a crise dentro da Espanha.

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